Sentes a tua intimidade como uma ameaça?

Sentes a tua intimidade como uma ameaça

Ter uma conexão segura para nos darmos a conhecer, sem julgamento nem rejeição, é o que torna a tua intimidade e as tuas relações amorosas tão desejáveis.

Na infância, por mais amorosos e presentes que os nossos cuidadores tenham sido, a nossa personalidade, assim como as nossas vontades e necessidades não foram completamente reconhecidas e, em adultas, vibramos em parte nessa carência.

A intimidade é a chave para ter estas necessidades satisfeitas e as relações amorosas são um dos contextos seguros para que a mesma cresça.

Contudo, esta assusta porque pede-nos vulnerabilidade e autenticidade. De uma forma geral, foi-nos passada a crença de que ambas as posturas são ameaçadoras da nossa integridade.

Mas vou mostrar-te em como esta crença está completamente errada. Continua a ler!

Intimidade: Do medo à abertura

A intimidade é a permissão para outra pessoa ver e saber os nossos segredos e aspetos privados. Só podemos ser íntimos quando estamos disponíveis para deixar as nossas defesas cair.

As pessoas mais focadas na necessidade de aceitação e de compreensão do outro, dão-se a conhecer em função da disponibilidade emocional da outra pessoa: se a pessoa está amorosa, aberta e a vontade de partilhar é recíproca.

Esta postura protege da dor, do ridículo, da humilhação e da eventual rejeição. Só que também invalida a nossa expressão autêntica, apesar das condições do outro. É como se entregássemos a chave do nosso íntimo à pessoa e as nossas vontades e necessidades ficassem congeladas, à espera que a pessoa deixe de estar distante, defensiva, ocupada ou irritada.

Deste modo, alimentamos a dependência e não temos como evitar sentir-nos isoladas, sozinhas na relação.

A vida íntima como consciência

A vida íntima oferece a possibilidade de aumentar a consciência numa relação. Como não pode ser forçada, convida-nos a soltar a resistência e a abrir-nos às nossas verdades e às da outra pessoa.

Ora, só o conseguimos com o autoconhecimento. Quanto mais nos conhecermos, menos haverá necessidade de esconder ou omitir as nossas falhas e os aspetos da personalidade menos consensuais.

Estar confortáveis na nossa pele é o que permite acolher a pele dos outros e, assim, aprofundar os momentos mais íntimos.

Tópicos íntimos essenciais

Para a relação amorosa florescer, os parceiros precisam de aprender a entender e a acolher as atitudes importantes de cada um.

Os tópicos fundamentais para conversar – as vezes que for preciso – são acerca de sexo, de dinheiro, de parentalidade, de religião, de política, assim como de valores, de memórias, de imagens e de expectativas acerca da natureza de uma relação íntima.

O papel da sexualidade

Bom, há lá lugar onde somos vistas por quem somos e vimos a outra pessoa como ela é?

Uma pista útil na tua relação com a intimidade é perceberes como te sentes quando és vista desta maneira: nua, de corpo e de alma.

Quanto mais te vulnerabilizas em momentos do dia a dia da tua relação, mais fácil e natural fica revelares-te plenamente na cama. E vice-versa!

Faz-te sentido? Quantas vezes já sentiste que a tua vida íntima estava bloqueada precisamente pelos fatores que mencionei em cima? Pensa nisto!

Intimidade nos relacionamentos é mais do que pensas

Intimidade nos relacionamentos é mais do que pensas

Muitos casais e parceiros sexuais usam a palavra “intimidade” para dizer que fizeram sexo, mas nem de perto a vida íntima é só sexo… Podemos ter relações sexuais sem ser íntimos e podemos estar numa relação íntima em que não há sexo.

 O contacto íntimo é um pilar vital das relações, é o que permite dar quem somos e receber quem os outros são, em segurança e confiança.

Porém, não nos foi ensinado o seu real valor nem como alimentá-la, fazendo a nossa parte nas relações que mantemos.

A intimidade consiste num processo interpessoal, pelo menos, entre duas pessoas e baseia-se na comunicação, com o propósito de pôr em comum facetas privadas, de forma verbal ou não verbal. Esta é a procura que faz a nossa alma aquecer e o nosso corpo vibrar!

A intimidade precisa de um tipo específico de desejo

O desejo de conhecer, ao outro e a ti, continuadamente. Trabalho com esta noção de desejo como força propulsora que desperta a vontade e o compromisso de nos entregarmos à revelação: partilhar pensamentos, sentimentos e desejos sem filtros e sem julgamentos.

Por estar tão presente no início das relações, leva-nos, sem esforço, a ficar horas na conversa e na presença do outro, esquecendo compromissos e comodidades (as quais, muitas vezes, no outro dia pagam-se caro)!

É assim que vamos criando as bases para um contacto íntimo, mas, nos primeiros meses de uma relação, ainda não é de verdadeira intimidade que se pode falar, mas de projeção que leva à idealização do outro e da relação.

Pode bem ser um poderoso combustível para nos mantermos na aventura cheia de riscos que é abrirmo-nos a um perfeito desconhecido, mas é um estádio imaturo e, em algum momento, teremos de decidir se queremos realmente ver o outro tal como ele é.

Atributos da vida íntima que são uma bênção e uma maldição

Conhecer mais e melhor, a ti e à tua parceria, traz os presentes da estabilidade, da segurança, da previsibilidade e do conforto.

Tudo coisas que os seres humanos desejam e valorizam porque lhes permite respirar mais tranquilos. Só que depois de as ter o que acontece? Tomam-nos por garantidas e, até, se aborrecem com elas. Isto para os mais românticos e passionais é o verdadeiro tédio, é a vida em todos os tons de pastel. E não há nada de errado nisto, afinal sabe-se que este perfil de pessoas, para prosperar, precisa de aventura, de risco, de incerteza e de imaginação, isto é, de toda uma paleta arco-íris!

Conciliar a vida íntima com o erotismo é um dos maiores desafios dos casais que afeta a sua sexualidade. Em vez de uma mudança radical, recomendo sempre começar por pequenas atitudes, que se revelam bem poderosas ao longo do tempo.

Fruto da minha experiência com os casais, criei o Checklist Intimidade Slow, um recurso prático para guiar as pessoas ao caminho do meio: não reprimir nenhuma das necessidades de conexão e saber como criá-las e apreciá-las no lufa lufa dos nossos dias.

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